Nos últimos dias, o Rio de Janeiro tem sido palco de encontros inesperados entre animais silvestres e moradores das áreas urbanas, especialmente em bairros da Zona Oeste. O resgate de uma jiboia (Boa constrictor) em Bangu e a aparição de outra em Copacabana têm chamado a atenção de biólogos e ambientalistas, reacendendo o alerta sobre a crescente presença de serpentes na cidade.
Na quarta-feira, 10 de abril, uma jiboia de 2,5 metros foi encontrada no quintal de uma residência perto do Parque Estadual da Pedra Branca, em Bangu, na Zona Oeste. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que realizou o resgate, o animal estava descansando após ingerir um animal de estimação. A serpente, que pesava cerca de oito quilos, foi capturada por guarda-parques e levada para exames, sendo posteriormente devolvida ao seu habitat natural dentro da unidade de conservação (Jornal O Globo).
No entanto, o incidente gerou uma dúvida: de quem seria o animal de estimação devorado pela jiboia? A Associação Assistencial do Sandá e da Grande Bangu (Amas), que tem atuado na conscientização sobre a preservação da fauna local, iniciou uma investigação entre os moradores da região. Uma das moradoras mencionou que havia perdido um gato, e a suspeita é de que a jiboia o tenha consumido. Esse tipo de interação com a fauna local não é incomum, especialmente considerando o aumento de queimadas no Parque da Pedra Branca, que tem forçado os animais a buscarem abrigo em áreas residenciais.
Pablo Castro, vice-presidente da Amas, explicou que, com as queimadas no Parque, diversos animais como jiboias, jararacas e até capivaras têm descido para áreas urbanas em busca de alimento e abrigo. A conscientização dos moradores sobre a importância de não matar esses animais, bem como o apoio do Inea e do Parque Estadual, tem sido crucial. “Está dando certo, tanto que imediatamente a mulher que viu a jiboia ligou para a gente”, afirmou Castro.
Enquanto isso, em Copacabana, outro resgate gerou confusão na noite de quinta-feira, 11 de abril. Uma cobra, também da espécie jiboia e com cerca de 1,5 metros, foi vista na Rua Figueiredo de Magalhães, aparentemente empurrada para fora de um bueiro pela força da chuva. O biólogo Bruno Meurer, consultado pela equipe do Jornal O Globo, ressaltou que a jiboia não é peçonhenta, mas pode representar risco devido à sua força de constrição. Ele alertou que a população deve sempre acionar o resgate especializado e evitar o contato direto com esses animais.
O episódio em Copacabana, onde a cobra foi resgatada por um morador que estava no local, gerou um vídeo que rapidamente se espalhou nas redes sociais. Benjamin Soares, o morador responsável pelo resgate, afirmou que, apesar de ser um grande admirador de cobras, preferiu levar o animal até o Corpo de Bombeiros, para garantir sua segurança e a da comunidade. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, no primeiro trimestre de 2025, as cobras foram os animais mais resgatados, com 1.548 acionamentos, número semelhante ao do mesmo período de 2024.
A situação tem despertado um debate sobre o equilíbrio entre a urbanização crescente e a preservação ambiental. Como observado por Meurer, as serpentes, como a jiboia, podem ser encontradas nas matas próximas às áreas urbanas, como o Parque da Chacrinha, em Copacabana, e outras regiões da Zona Sul. O biólogo ressalta que é fundamental que os moradores estejam preparados para conviver com a fauna local, mantendo a distância e chamando os serviços especializados para resgatar animais silvestres.
Em resposta a esses incidentes, a Amas tem desenvolvido um projeto de reflorestamento na região para tentar evitar que os animais desçam para as áreas urbanas em busca de alimentos. “Estamos plantando árvores frutíferas e instalando bebedouros para que os animais possam se alimentar sem precisar descer para a cidade”, explicou Pablo Castro, destacando a importância da preservação ambiental (Jornal O Globo).
Esse tipo de resgate e conscientização parece estar sendo uma solução eficaz para evitar tragédias, como a que ocorreu meses atrás, quando uma criança foi atacada por uma jararaca, uma cobra venenosa, em um quintal de Bangu. A colaboração entre moradores e as autoridades ambientais tem sido essencial para reduzir esses conflitos, enquanto a presença de animais silvestres na cidade continua a ser um reflexo das mudanças nos ecossistemas naturais ao redor do Rio de Janeiro.
- Fontes:
- https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/04/11/jiboia-de-dois-metros-e-meio-e-resgatada-apos-ingerir-animal-de-estimacao-em-bangu.ghtml
- https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/04/12/moradores-tentam-descobrir-de-quem-era-animal-de-estimacao-comido-por-jiboia-de-25-metros-em-bangu.ghtml
- https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/04/12/moradores-tentam-descobrir-de-quem-era-animal-de-estimacao-comido-por-jiboia-de-25-metros-em-bangu.ghtml