Buraco do Faim: conheça um pouco da história que passa por baixo da linha férrea

Alguns chamam de buraco do fainha, outros de buraco do farinha, ou só de buraco. Seu verdadeiro nome, Buraco do Faim, é uma homenagem a um antigo banguense, que ainda tem alguns parentes vivos na região, e que também é homenageado em uma rua em Padre Miguel Rio da Prata e em uma Clínica da Família em Realengo.

O Buraco do Faim é uma passagem por baixo da linha férrea no centro de Bangu. Ele liga as ruas Avenida Santa Cruz e Rua 12 de Fevereiro, de um lado; e as rua Coronel Tamarindo e Falcão Padilha, do outro.

É um local bastante movimentado por ser o acesso mais fácil aos pontos finais dos ônibus da linha 369, que fazem parada no local; à 34ª DP e ao tradicional comercio que tem na região, com lojas e restaurantes.

Dr. Faim Pedro, o homem que dá o nome ao local

O Dr. Faim José Pedro foi um médico e vereador do Rio de Janeiro entre os anos de 1930 e 1970.O projeto. Sua família era de origem Libanesa que fixou residência em Bangu no início do século XX. Faim era irmão do engenheiro Alen Alin Pedro e filho do médico José Pedro.

Seu irmão também teve uma importante história como engenheiro e político, nomeado prefeito da cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Já seu pai, consta como um dos primeiros presidentes do Bangu Atlético Clube.

Motivado pelo enorme respeito e popularidade e também pela brilhante trajetória pública do irmão, o Doutor Faim elegeu-se vereador 1951 pelo PTB com 3.083 votos. Uma de suas primeiras ações foi solicitar a primeira reforma da já precária passagem de pedestres que o mesmo também tanto utilizava. A medida agradou tanto que a população passou a carinhosamente chama-la de Buraco do Faim.

Todas essas informações constam no Projeto de Lei Nº 2374/2023, que reconhece o Buraco do Faim como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.

Leia também: Conheça o Moça Bonita, estádio do Bangu Atlético Clube

Dr. Faim Pedro também recebeu outras homenagens

Por ser um conhecido médico da região, o Dr. Pedro não foi homenageado apenas com o nome do buraco que liga um lado ao outro de Bangu.

Há também uma Clínica da Família em Realengo que recebe o nome do doutor na Praça dos Cadetes, na Rua Marechal Agrícola. Além disso, o Dr. Faim Pedro também é nome de rua. A Rua Vereador Faim Pedro fica próximo à Olimpia Esteves, em Padre Miguel.

Pois é, é isso mesmo que você leu. Além de um importante médico da região, o Dr. Faim também tinha acompanhado ao seu nome título de vereador. No entanto, também não conseguimos confirmar se ele realmente foi um vereador da cidade.

A história do Buraco do Faim

A passagem por baixo da linha férrea tem uma história bastante longa em Bangu. Ela é mais ou menos da mesma época em que a ferrovia chegou à região.

Ainda hoje é possível ver inscrição no marco, que diz: “E.F.D.P. II.1881″. O significado disso é Estrada de Ferro Dom Pero II — ano 1881. Esse portanto é o provável ano do surgimento do Buraco do Faim.

A chegada da linha férrea a Bangu

A linhas ferroviárias estavam em plena expansão no Brasil no final do século XIX. Em 1866 surge a linha de onde hoje é a central até Deodoro, que na época se chamava Sapopemba.

Anos mais tarde, em 1878, a linha começa a ser expendida até Santa Cruz. Em 1881 ela chega em Bangu, mesma data descrita acima como de surgimento do Buraco do Faim. Não dá pra saber ao certo se a escritura na pedra que vemos na foto é realmente a data do buraco ou a chegada da ferrovia à Bangu. Mas há grandes chances dos dois eventos terem acontecido na mesma época.

Essas datas foram tiradas do livro Fazenda Bangu, a Joia do Sertão Carioca, de Paulo Vitor Braga da Silva e Benevenuto Rovere Neto, que conta a história do bairro antes da chegada da Fábrica Bangu.

E era assim que Bangu era na época que fizeram o Buraco do Faim, apenas uma grande fazenda. Alguns anos depois, em 1889 a fábrica foi construída e a partir daí o bairro foi sendo povoado ao seu redor.

O Buraco do Faim hoje

Na época do surgimento do Buraco do Faim, ainda não havia a facilidade de engenharia que temos hoje para a construção de passarelas. As passagens de nível por baixo da linha férrea eram portanto ótimas soluções.

Hoje, há diversas passarelas distribuídas pelos quilômetros de extensão Supervia, duas delas bem próximas ao Buraco do Faim. Ele no entanto, segue firme como opção para os pedestres banguenses.

Por conta disso, são comuns os relatos de alagamento no local e também de problemas com a estrutura. Ainda assim, a passagem que esse ano completa seus 140 anos segue lá.

Leia também: Por que em Bangu faz tanto calor?

Caio Chagas de Assis

Sou jornalista e banguense. Nesse blog, tenho como objetivo escrever e organizar informações na internet sobre o bairro de Bangu e a região da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *