A SuperVia registrou, nesta terça-feira (8), o maior número de passageiros transportados em um único dia em 2025: 348.204 usuários utilizaram os trens urbanos da concessionária no Rio de Janeiro, de acordo com informações do Diário do Rio. O recorde anterior havia sido registrado em 1º de abril, com 344 mil passageiros, impulsionado por um show do grupo sul-coreano Stray Kids no Estádio Nilton Santos (Engenhão).
Apesar do novo pico, o número ainda está distante do recorde histórico da SuperVia: em 2016, a concessionária transportou 735 mil passageiros em um único dia — mais que o dobro do volume atual.
Desde o ano passado, a SuperVia tem registrado uma tendência de crescimento no número de usuários, com a média diária passando de 270 mil para mais de 320 mil passageiros.
“Ficamos felizes por esse novo recorde porque indica que estamos no caminho certo. É resultado de um esforço contínuo das nossas equipes de manutenção e operação. Seguiremos melhorando cada vez mais nossos serviços”, afirmou Everton Trindade, diretor-presidente da SuperVia.
Passageiros transportados por ano
Nos últimos anos, o número total de passageiros transportados anualmente pela SuperVia vem apresentando queda significativa. Veja a evolução, levantada por reportagem de Camila Araújo, do Jornal O Globo:
- 2015 – 178 milhões
- 2016 – 181,1 milhões
- 2017 – 160,7 milhões
- 2018 – 163 milhões
- 2019 – 164 milhões
- 2020 – 98 milhões
- 2021 – 89 milhões
- 2022 – 97,5 milhões
- 2023 – 86,7 milhões
- 2024 – 85,3 milhões
Apesar da recente recuperação parcial no número de passageiros transportados e do esforço do Governo do Estado para garantir a continuidade do serviço, a Supervia ainda enfrenta desafios profundos. A superlotação nos horários de pico, os atrasos frequentes, a redução nas viagens expressas e os furtos de cabos — que geraram mais de R$ 30 milhões em prejuízo apenas em 2023, segundo a própria concessionária — evidenciam a fragilidade da operação atual.
Os problemas, no entanto, não começaram com a pandemia. Como mostrou o relatório da Agetransp, a queda de qualidade do serviço é anterior a 2020, agravada pela falta de investimentos da empresa, que alega desequilíbrio financeiro no contrato de concessão. A auditoria feita pela própria agência reguladora, além dos dados da Supervia e das análises do Governo do Estado, embasaram o entendimento de que a retomada da concessão poderia ser o único caminho viável — ainda que temporário.
O novo acordo firmado em março de 2025, que prevê um aporte de até R$ 300 milhões e uma supervisão mais direta da operação, marca o início de uma fase de transição. A expectativa é que a futura licitação traga um modelo mais moderno, com metas claras de desempenho e mecanismos mais rigorosos de fiscalização, como já defendido por especialistas ouvidos em relatórios da Agetransp e pela Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana.
Enquanto isso, os cerca de 350 mil passageiros diários que dependem do transporte ferroviário na Região Metropolitana do Rio seguem convivendo com as limitações de um sistema essencial, mas que há anos carece de melhorias estruturais e de uma gestão que priorize o interesse público. Resolver os gargalos da Supervia exigirá mais do que repactuações financeiras: será preciso um compromisso contínuo com planejamento, transparência e responsabilidade com a mobilidade urbana.