Após 12 anos sem um circuito para competições automobilísticas, o Rio de Janeiro terá um novo autódromo, na Zona Oeste da cidade. O prefeito Eduardo Paes sancionou nesta quinta-feira a Lei Complementar 273/2024, autorizando a construção do Autódromo Parque de Guaratiba. O projeto promete unir tecnologia e preservação ambiental, sendo uma iniciativa inovadora e sustentável, que visa também alavancar a economia e o turismo da cidade.
O processo legislativo foi rápido. Em 18 de junho, a Câmara dos Vereadores aprovou o projeto de lei, de autoria do prefeito Eduardo Paes, que havia sido apresentado em 29 de maio. Menos de dois meses depois, o projeto foi sancionado. O novo autódromo será o primeiro circuito de automobilismo no Rio desde a demolição do Autódromo de Jacarepaguá, em 2012. O investimento para a construção será totalmente privado, sem recursos públicos, e a Prefeitura se compromete a melhorar o transporte público e a urbanização da região.
Projeto sustentável e inovador
O Autódromo Parque de Guaratiba terá um traçado de 5,020 km, com 23 garagens nos boxes e um paddock de 3,981 m². A área total destinada ao projeto é de pouco mais de dois milhões de metros quadrados, dos quais apenas 2% serão ocupados pela construção do autódromo. Um dos destaques do projeto é a preservação ambiental: cerca de 43 mil m² serão mantidos como área de preservação permanente, incluindo um manguezal. O plano inclui um projeto de replantio de vegetação nativa, contribuindo para a sustentabilidade da região.
Impactos e desafios
Ainda não há um prazo definido para o início das obras, mas a área já recebeu o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). A execução será gradual, com a liberação de mais áreas para construção à medida que o projeto avança, com um prazo estimado de dois anos e meio para a conclusão.
O autódromo terá capacidade para 18,6 mil espectadores e incluirá um salão nobre, sala de imprensa, e 1.922 vagas de estacionamento, sendo 1.632 no autódromo, 120 na pista de motocross e 170 no kartódromo.
Histórico e tentativas anteriores
O Rio de Janeiro já havia tentado construir um novo autódromo em 2012, no Campo de Instrução do Camboatá, em Deodoro. No entanto, a iniciativa foi cancelada em 2021, quando a área foi transformada em Refúgio de Vida Silvestre.
Agora, o projeto de Guaratiba representa uma nova esperança para a cidade, resgatando a tradição do Autódromo de Jacarepaguá, que sediou competições de Fórmula 1 e outros eventos importantes.
Infraestrutura e mobilidade
Uma das preocupações dos moradores durante a audiência pública na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca foi a infraestrutura de mobilidade. Sobre o assunto, o secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Luiz Arraes, falou sobre a possível a criação de um ramal do BRT que levará diretamente ao autódromo. Além disso, a Base Aérea de Santa Cruz será utilizada para suportar o movimento necessário para as competições.
O novo autódromo é visto como um importante motor para a economia local. Segundo o vereador Átila Nunes (PSD), o projeto gerará renda e novos empregos, além de revitalizar o setor automobilístico no Rio de Janeiro. A Câmara dos Vereadores também incluiu emendas que determinam a criação de novas estações de BRT, atividades culturais e shows quando não houver competições, e a construção de uma escola e uma área de esporte e lazer públicas na região do autódromo.
O projeto do Autódromo Parque de Guaratiba adota uma série de tecnologias sustentáveis. Está prevista a instalação de painéis de energia fotovoltaica, iluminação LED, sistemas de reúso de água e captação de água de chuva. Além disso, haverá ações de conscientização e educação ambiental para o público visitante, reforçando o compromisso com a sustentabilidade.
Inspiração no traçado do antigo autódromo de Jacarepaguá
Ao site do ge, o arquiteto por trás do projeto, Sergio Moreira Dias, também responsável pela revitalização de São Januário, estádio do Vasco da Gama revelou uma homenagem ao Autódromo de Jacarepaguá, palco de corridas da Fórmula 1 entre 1981 e 1989. A pista foi demolida em 2012 para a construção do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, complexo esportivo e de lazer construído para os Jogos Olímpicos de 2016. Há doze anos, também foi aprovada a construção de um novo autódromo na cidade, mas a ideia não saiu do papel.
– O primeiro projeto, na verdade não se chama nem de projeto, mas um estudo conceitual, foi de trazer para Guaratiba o mesmo desenho do autódromo de Jacarepaguá, para trazer um simbolismo de homenagem às nossas curvas, às nossas corridas, aos vencedores… então a gente propôs exatamente a mesma implantação cabendo perfeitamente na área – disse o arquiteto.